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Sete em cada 10 municĂ­pios tĂȘm risco alto ou muito alto para pólio

Por Circuito Araruama em 19/09/2024 às 09:00:40

Dos 5.570 municĂ­pios brasileiros, pelo menos 68% estão classificados atualmente como em risco alto ou muito alto para poliomielite, conhecida popularmente como paralisia infantil.

Esse Ă­ndice representa um total de 3.781 cidades, sendo a maioria (2.104) categorizada com alto risco para a doença. HĂĄ ainda 1.342 municĂ­pios brasileiros classificados como em médio risco e apenas 447 catalogados como em baixo risco para a pólio.Os dados foram apresentados nesta quarta-feira (18) durante a 26ÂȘ Jornada Nacional de Imunizações, em Recife, e constam no Plano de Mitigação de Risco de Reintrodução do PoliovĂ­rus Selvagem e Surgimento do PoliovĂ­rus Derivado da Vacina. Ao comentar os nĂșmeros, a consultora em imunizações da Organização Pan-Americana da SaĂșde (Opas) Franciele Fontana avaliou o cenĂĄrio como preocupante.

"Vemos grande parte do paĂ­s em vermelho e em vermelho forte", disse, ao se referir às cores que sinalizam riscos elevados para a doença, erradicada do território brasileiro em 1994, após uma série de campanhas de vacinação em massa. O Ășltimo caso de pólio no paĂ­s foi confirmado em março de 1989. "A gente vem de uma série histórica de alto e muito alto risco de introdução no paĂ­s e isso nos preocupa", completou.
A série histórica a que Franciele se refere são os resultados de uma avaliação de risco feita pela Comissão Regional de Certificação para a Erradicação da Pólio na Região das Américas. Em 2020 e em 2021, por exemplo, o Brasil havia sido classificado como em risco alto para a doença. JĂĄ em 2022, a categorização subiu para risco muito alto, ao lado do Haiti e da RepĂșblica Dominicana. No ano passado, o paĂ­s voltou a registrar risco alto para pólio.

As coberturas vacinais contra a doença no Brasil sofreram quedas ao longo dos Ășltimos anos. Em 2022, a cobertura ficou em 77,19%, longe da meta de 95%. Em 2023, o Ă­ndice subiu para 84,63%.

Recomendações

Franciele lembrou que, em junho deste ano, a comissão emitiu uma série de recomendações ao Brasil, incluindo investigar as causas das baixas coberturas vacinais contra a pólio. Dentre as hipóteses elencadas pela entidade estão o acesso limitado a doses em ĂĄreas mais remotas, a quantidade insuficiente de doses em determinadas localidades e a hesitação ou desconfiança da população acerca do imunizante.A comissão também pediu ao Brasil que priorize a vacinação em municĂ­pios classificados como em alto risco para pólio, iniciando as ações onde a taxa de imunização é inferior a 50%. Outra estratégia sugerida consiste num sistema de recompensa destinado a estados e municĂ­pios que cumpram metas definidas. A entidade solicitou ainda que uma comissão nacional se reĂșna uma vez ao ano para tratar do tema.

Por fim, a comissão sugeriu ao Brasil realizar um exercĂ­cio de simulação para pólio que envolva todos os setores relevantes, encenando uma resposta a um surto da doença no paĂ­s. "Precisamos que todas as nossas salas de vacina estejam abastecidas com insumos pra que a gente não perca oportunidades", avaliou Franciele, ao citar ainda que serviços de rotina em saĂșde precisam estar prontos para captar eventuais casos da doença.


Fonte: AgĂȘncia Brasil

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