Por intermédio de Farmanguinhos, a Fiocruz assinou nessa semana acordo de parceria para registro do ravidasvir na AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa). A parceria técnica e cientĂfica foi firmada com a organização não governamental (ONG) Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas (DNDi) e a farmacĂȘutica egĂpcia Pharco Pharmaceuticals.
Após a assinatura do acordo, Mendonça explicou que a próxima etapa serĂĄ submeter o medicamento para aprovação na Anvisa. Em seguida, esperar o registro ser publicado pela AgĂȘncia para, posteriormente, fornecĂȘ-lo ao Ministério da SaĂșde para tratamento da hepatite C, em conjunto com o sofosbuvir. Jorge Mendonça estima que esse é um processo longo, que deverĂĄ levar entre um ano a um ano e meio.
"Contudo, a gente entende que quanto mais ofertas para o tratamento da hepatite C estiverem disponĂveis no SUS, a gente traz mais possibilidades para os médicos e mais possibilidades para os pacientes usarem medicamentos que são de primeira linha e que podem trazer mais conforto e mais adesão ao tratamento por parte desses pacientes", manifestou o diretor de Farmanguinhos.
Além do sofosbuvir, Farmanguinhos jĂĄ detém o registro do antiviral daclatasvir, o que reforça o papel do Instituto como apoiador do Complexo Econômico Industrial da SaĂșde (Ceis) e promotor da independĂȘncia nacional no tratamento da hepatite C. "Durante muito tempo, não havia muitas opções de tratamento eficazes para a hepatite C. Agora, porém, com os medicamentos desenvolvidos por Farmanguinhos, jĂĄ hĂĄ chances de cura", diz Mendonça.
"Hoje em dia, é um tratamento, em média, de 12 semanas, com taxa de cura efetiva acima de 95%". O diretor analisou que com o registro do Ravidasvir, não haverĂĄ aumento da taxa de cura. "Mas a gente pode, no futuro, que é um dos objetivos da transferĂȘncia do Ravidasvir também, reduzir o custo do tratamento para o SUS e, com isso, a chance de aumentar o acesso das populações atualmente não atendidas também se torna mais sustentĂĄvel pelo SUS".
O principal objetivo do registro do Favidasvir é que a Fiocruz consiga contribuir para a sustentabilidade orçamentĂĄria desse programa de tratamento das hepatites virais pelo SUS, que é bastante custoso para o Ministério da SaĂșde, argumentou Jorge Mendonça.
Segundo o Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado pelo Ministério da SaĂșde em junho de 2022, foram confirmados 718.651 casos de hepatites virais no Brasil registrados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), no perĂodo de 2000 a 2021. Desse total, 168.175 (23,4%) são referentes aos casos de hepatite A, 264.640 (36,8%) aos de hepatite B, 279.872 (38,9%) aos de hepatite C e 4.259 (0,6%) aos de hepatite D.
Como se desconhecem os casos ocorridos durante a pandemia da covid-19, Jorge Mendonça disse que o próximo passo que os programas de hepatites virais do mundo vão dar é chamado de "busca ativa". Ou seja, em vez de ficar esperando o paciente vir em busca de tratamento, serão feitas testagens em massa para tratar esses pacientes, jĂĄ que a hepatite C, nos primeiros momentos e até nos primeiros anos da doença, não traz sintomas. A ideia é buscar esses indivĂduos e tratar logo antes que a hepatite C fique crônica nele. "Isso é fundamental para efetividade do tratamento e para a saĂșde do paciente", conclui Mendonça.
Fonte: AgĂȘncia Brasil