Outra dose comumente questionada pelos pais, segundo NatĂĄlia, é a contra o HPV, indicada atualmente para crianças a partir dos 9 anos de idade. A infecção pelo vĂrus pode causar lesões na pele associadas ao câncer de colo de Ăștero. "HĂĄ sempre todo um trabalho de explicar que a vacina é segura e pode mudar a vida de uma mulher no futuro", destacou. - divulgue esta matéria para seus amigos e parentes -
Para o também pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, o Dia Nacional da Imunização, lembrado nesta sexta-feira (9), funciona como uma oportunidade para reforçar a urgĂȘncia na retomada das altas coberturas vacinais em todo o paĂs.
Em entrevista à AgĂȘncia Brasil, ele lembrou que, este ano, comemora-se ainda os 50 anos do Programa Nacional de Imunizações, primeiro programa de imunizações estruturado da região das Américas.
"O Brasil foi pioneiro no continente na eliminação de doenças, na erradicação e no controle de outras. Certamente a data nos remete a esse histórico de conquistas, a todos os avanços que conseguimos em 50 anos de um programa de vacinação que, infelizmente, nos Ășltimos anos, vem sofrendo abalos na sua estrutura, falta de investimento na sua manutenção, desconfiança da população no valor da vacinas e chegada de grupos antivacina que tĂȘm colocado todas essas conquistas sob risco".
Segundo Kfouri, o momento é de comemoração de ĂȘxitos e, ao mesmo tempo, de preocupação. "Não hĂĄ exagero nenhum em dizer que o paĂs estĂĄ sob risco de retorno de diversas doenças jĂĄ erradicadas", alertou, ao citar que, atualmente, trĂȘs em cada dez crianças que completam 1 ano de idade no paĂs estão sem as trĂȘs doses contra a poliomielite. "E não só isso. O Brasil não faz uma boa vigilância de casos suspeitos, não monitora o vĂrus em esgoto. A Organização Pan-americana da SaĂșde (Opas) classifica o Brasil, junto com Haiti, Honduras e Peru, como um dos paĂses de mais alto risco de reintrodução da poliomielite. É um risco real".
O rol de doenças que voltaram a assombrar o paĂs inclui ainda a rubéola, a difteria, a rubéola congĂȘnita, o tétano e o sarampo. "Na verdade, são todas as doenças, mas essas estão em um radar mais próximo em função do risco mais acentuado pela epidemiologia da região", explicou o pediatra. Para ele, diversos fatores explicam a queda nas coberturas vacinais no Brasil ao longo dos Ășltimos anos e as estratégias para reverter esse cenĂĄrio devem levar em consideração as particularidades de regiões, estados e municĂpios.
"O que tem diminuĂdo a cobertura vacinal num paĂs tão grande e desigual como o nosso não são os mesmos fatores. O que faz uma pessoa não se vacinar numa grande metrópole não é, certamente, o mesmo que motiva a não vacinação em outras regiões do paĂs. É preciso enfrentar cada uma dessas realidades, dificuldades de comunicação são fundamentais, acesso, treinamento e capacitação dos profissionais de saĂșde. Precisamos investir muito também na produção de vacinas, para não haver falta".
"Notificação, registro de doses aplicadas, sistema de informação. HĂĄ muito o que avançar. O Brasil tem um programa absolutamente democrĂĄtico, descentralizado, que hoje contempla mais de 38 mil salas de vacina em todo o paĂs. Precisamos de investimento. Só vamos começar a recuperar essa cobertura vacinal com um grande programa, um grande pacto entre sociedade civil, ministério, estados e municĂpios, que realizam na prĂĄtica a vacinação", recomenda o pediatra.
Fonte: AgĂȘncia Brasil