Em um dos debates do dia, pesquisadores apontaram a baixa cobertura como principal motivo de preocupação com a paralisia infantil, como a doença também é conhecida.
A presidente da Câmara Técnica de Poliomielite do Ministério da SaĂșde, Luiza Helena Falleiros, destacou o conjunto de fatores que levaram a esse cenĂĄrio e disse que existe um risco evidente. "Com o processo de imigração constante, com baixas coberturas vacinais, a continuidade do uso da vacina oral, saneamento inadequado, grupos antivacinas e falta de vigilância ambiental, vamos ter o retorno da pólio. O que é uma tragédia anunciada", afirmou.
A pesquisadora citou um estudo do ComitĂȘ Regional de Certificação de Erradicação da Polio 2022, da Organização Pan-Americana da SaĂșde (Opas), que aponta o Brasil como segundo paĂs das Américas com maior risco de volta da poliomielite, atrĂĄs apenas do Haiti.
Segundo o Ministério da SaĂșde, no ano passado, a cobertura vacinal para a doença no Brasil ficou em 77,16%, muito abaixo da taxa de 95% recomendada pela Organização Mundial da SaĂșde (OMS) para impedir a circulação do vĂrus.
No simpósio de hoje, foram discutidos os motivos da chamada hesitação vacinal. José Cassio de Morais, assessor temporĂĄrio da Organização Pan-Americana da SaĂșde, disse que a cobertura depende principalmente da confiança nas vacinas distribuĂdas pelo governo, de como administrar o medo da reação vacinal, da dificuldade de acesso aos postos, do nĂvel de renda familiar e da escolaridade da população. Para melhorar o quadro atual, Morais defendeu mais investimento mais em campanhas e na informação de qualidade.
"É importante lembrar que a vacinação, além de uma proteção individual, é uma proteção coletiva. Vimos isso na questão da covid-19, em que muitas pessoas não quiseram se vacinar. E precisamos atentar para a questão da comunicação social. Temos uma avalanche de fake news a respeito das vacinas e que trazem muito dano para a população. Mas não temos quase notĂcias positivas a respeito da vacina. Tem tido muito pouca divulgação da campanha de vacinação contra influenza, por exemplo. Temos que melhorar isso, divulgar melhor os fatos positivos em relação à vacina", afirmou o assessor da Opas.
Fonte: AgĂȘncia Brasil